sábado, 15 de agosto de 2009
Esportes Hípicos - Enduro Equestre
No Brasil, foi a cidade paulista de Tremembé quem inaugurou a prática oficial no ano de 1989, com Maristela Cup, organizada pela Verdes Eventos. O resultado positivo levou a empresa promover o Campeonato Brasileiro, em 1990, passando a constar no calendário oficial da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH). Desde então, outras entidades, como a Associação Mineira de Hipismo (Amhir) filiada a Associação Brasileira de Cavaleiros de Hipismo Rural (ABHIR) aderiram à prática, com campeonatos regulares. Já no Rio Grande do Sul, entidades como o Núcleo Gaúcho de Cavalos Árabes aderiram à prova e com sucesso.
Foi em uma dessas iniciativas que o arabista Paulo Pacheco Prates Filho se apaixonou pelo esporte. A experiência se deu em abril, em uma trilha escolhida junto ao Morro Santana, em Porto Alegre. Os três filhos de Prates iriam competir e, só depois de insistirem muito com o pai, ele resolveu colocar sua égua, a Napharita, de 9 anos, no caminhão. “Depois que descobri o que é participar de um enduro, pretendo ir a todos que puder”, garante Prates. Ele conta que a primeira surpresa foi com o local, ainda desconhecido pela maioria dos porto-alegrenses. O terreno íngreme, com mata nativa e uma vista privilegiada da cidade, proporcionaram aos participantes momentos de rara descontração. Prates relata que o primeiro vet-check - intervalos regulares durante a prova para a recuperação do animal, tomada de batimentos cardíacos e reposição de eletrólitos, junto a uma cachoeira, deu o tom da descontração que pode se tornar a competição. “Eram jovens de 15 anos e casais de várias idades que tinham ali um único objetivo: desfrutar daquele raro momento de cavalgar em um cenário espetacular”, relata. Apesar de ser uma competição, Prates salienta que não há rivalidades para terminar em menor tempo ou ter melhor desempenho. A largada em dupla e em intervalos curtos possibilita a integração entre os participantes. A experiência fez com que ele reservasse 5 éguas para cruzar com um garanhão. “Vou preparar vários deles para outras competições”, revela.
Outra apaixonada por enduros é Ana Paula Lucas Vieira. Montando desde os 10 anos de idade, ela descobriu o esporte há cerca de 2 anos e aponta a relação interpessoal como um dos maiores benefícios. Competindo junto com o marido, ela acredita que seja o esporte ideal para a família. “É o momento mais saudável e democrático, onde cada um compete sozinho e, ao mesmo tempo a família está unida, envolvendo desde a criança até o avô”, salienta, ao lembrar que o filho Pedro, de 3 anos, já está começando a treinar.
Mesmo com a descontração dos cavaleiros, é interessante que certos cuidados sejam tomados. Quanto a raça do cavalo, por exemplo, há o consenso de que o árabe ainda é o melhor a ser escolhido. Ana Paula acredita que, para longas distâncias, o árabe, anglo-árabe, ou no mínimo, uma cruza, terá um melhor desempenho. O cavalo mantém baixo o nível de batimentos cardíacos e a estrutura pulmonar, com uma caixa toráxica mais desenvolvida, permite maior resistência. “Na maioria dos enduros, dentro ou fora do país, 80% dos cavalos são árabes”, lembra. Durante a etapa do Campeonato Mundial, que aconteceu este ano nos Estados Unidos, os 13 primeiros colocados eram árabes.
Proprietária de um centro de treinamento e tendo vencido 2 dos 5 enduros que participou na categoria aberta, Ana Paula entende que época ideal do animal para iniciar exercícios específicos do esporte é a partir dos 3 anos de idade. “A competição deve ser feita com um cavalo maduro com tendões, músculos, ligamentos e estrutura óssea bem formados, o que só é atingido com cerca de 7 anos de idade”, observa. Tanto o treinamento, como a doma, durante os primeiros 2 ou 3 anos, devem ser feitos, de preferência, por quem monta. Os exercícios, no entanto, não se reservam ao cavalo. O cavaleiro também necessita de preparo físico. Em provas mais longas, que podem chegar até a 100 quilômetros de extensão, são necessárias sessões de alongamento.
A treinadora entende que o endurista deva, sobretudo, praticar exercícios aeróbicos como natação e corrida. Já quanto a alimentação, Ana Paula aconselha que deve ser equilibrada, com ração, proteínas e suplementos, principalmente cálcio e sal mineralizado. O cavalo não deve ser nem muito magro, nem muito gordo. Há veterinários que aconselham manter o nível de gordura entre 8% e 12%, de preferência acrescentado óleo de milho à ração.
É importante, ainda, prestar a atenção no equipamento. Um bom ferrageamento previne o cavalo de lesões durante o percurso, já que ele deverá passar por obstáculos e terrenos irregulares, que podem afetar tanto os cascos, como a saúde do animal. Ana Paula lembra o uso de sela adequada ao comprimento e dorso do cavalo, liga e caneleira. O atleta também deve se proteger com capacete, botas e culote.