quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A Evolução do Cavalo


Equus caballus
Nomes alternativos: cavalo (português), kabaru (tupi), kavaju (guarani), paard (holandês), horse (inglês), caballo (castelhano), cheval (francês), cavallo (italiano), Pferd (alemão), loshad’ (russo), hippos (grego), alogo (grego moderno), equus (latim), farasi (suaíli), eshin (ioruba), uma (japonês), ma (chinês), mal (coreano), kaballu (quéchua), qaqilu (aimará), cahuayo (náhuatl), tsíimin (maia), ashva (sânscrito), hisan ou jauad (árabe), sus (hebraico), rûk (neandertalês ocidental), rocco (élfico europeu), roch (caapora)
Altura média: machos: 1,52 m, fêmeas: 1,47 m na cernelha (com ampla variabilidade racial) e respectivamente 1,90 m e 1,83 m até o alto da cabeça. Comprimento médio: machos: 2,30 m, fêmeas 2,20 m (com ampla variabilidade racial), mais cauda de 0,75 m a 1,25 m. Massa média: machos: 480 kg, fêmeas: 410 kg (com ampla variabilidade racial)
Hábitat: acompanha o homem em quase toda a superfície terrestre do planeta.
Inteligência Abstrata: -9½; Inteligência Concreta: -4; Resistência: +2; Proteção: –; Tamanho: +1; Saúde: 0 (+1 em cavalos de guerra), com bônus de +5 para Preparo Físico; Mobilidade: +½ (+0 para um cavalo de tração, +1 ou +1½ para um cavalo de corrida); Sentidos: +3 (Olfato: +8; Audição: +2; Visão: 0, com visão periférica +1, visão noturna superior, presbiopia e daltonismo); Dificuldade de treinamento: +2½ (variável conforme a raça).
Habilidades médias: Força: macho: +9, fêmea: +8½ (de +3 ou menos para pôneis pequenos até +12 em grandes cavalos de tração); Capacidade de carga: +2 (+3 para pôneis); Combate: +1 (+3 para um cavalo de guerra); Esquiva: +2 (+1½ para um cavalo de tração); Salto: +6 (até +12 para um puro-sangue treinado); Natação: +4 (+6 em animais treinados); Corrida (curta): +14 (até +19, dependendo de raça e treinamento); Preparo Físico: +6 (até +10 em cavalos árabes treinados); Caça: +2.
Manobras de combate: Coice (2½ / 2½); Mordida ( 2 / 2); Patada (1½ /1½)
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Características
O cavalo possui uma cauda vertebrada muito curta, mas prolongada por pêlos longos. Tem orelhas curtas, eretas, e crina pendente. A dentição apresenta longos incisivos (cujo desgaste indica a idade do animal) e grandes molares. Um grande casco, que chega a pesar 500 g, envolve totalmente a última falange do único dedo em que termina cada membro. Herbívoro, granívoro e corredor, tem o coice com as patas traseiras como principal defesa, cujo dano básico é ½ / ½ mais o modificador de Força. O dano da patada com as patas dianteiras é -½ / -½ mais o modificador de Força e o dano da mordida é 0 / 0 mais o modificador de Força.
O maior cavalo já documentado foi um Shire de 2,20 m de altura e 1.524 kg, que viveu na Inglaterra do século XIX. O menor foi um Falabella que viveu nos EUA do século XX, com 36 cm de altura e 9 kg.
A fêmea (égua) tem um filho (potro ou poldro) por gestação, que dura 11 meses e 10 dias; o potro põe-se de pé em cerca de uma hora, pode correr quatro horas depois de nascido e é amamentado por cerca de 6 meses. A puberdade aparece entre 16 e 18 meses; os cavalos são considerados maduros aos três anos e adultos aos cinco. A fecundidade dura até 12 a 15 anos na maioria das raças e 20 anos nos puros-sangues (que, entretanto, só conseguem participar de competições dos dois aos oito anos). Os cavalos vivem em média 25 anos, mas ocasionalmente podem chegar a 30 ou 35 anos e o recorde é 62 anos .
A reprodução pode ocorrer todo o ano, mas a atividade sexual é mais pronunciada na primavera. O cio dura de três a oito dias; se não há fertilização, reaparece depois de três a quatro semanas. O garanhão pode cobrir duas éguas por dia.
Os olhos dos cavalos têm boa acuidade um amplo campo de visão, mas não têm capacidade de focalizar a menos de 2 metros e não têm visão a cores, mas tem boa visão noturna, que junto com os outros sentidos permite, muitas vezes, que se oriente à noite melhor que seu cavaleiro. Olfato e audição também são bem desenvolvidos, capacitando-os para detectar água, fogo e mesmo perigos distantes; percebem sons de ate 25.000 hz. Têm boa memória e o senso de direção lhes permite encontrar seus estábulos mesmo à noite ou depois de uma longa ausência.
Cavalos são naturalmente preguiçosos, tímidos e receosos: seu instinto os leva a perceber o perigo à distância e tentar fugir o quanto antes. A submissão ao homem não elimina seus sentimentos inatos de apreensão e insegurança. Assustado, o cavalo freqüentemente escoiceia ou morde, mas perante um perigo real, sua reação mais provável é disparar. Na carga de cavalaria, os cavalos estão aterrorizados com os gritos e toques de corneta e, imaginando que o perigo vem de trás, voam para aquilo que, no seu pânico, lhes parece a segurança.
Cavalos selvagens podem habitar savanas, prados, estepes ou tundras. Vivem em grupos familiares formados por um garanhão adulto e uma a dez éguas, mais os respectivos potros. A fêmea líder indica a direção na qual a manada viaja, enquanto o garanhão vai atrás, “pastoreando” a família. A decisão de parar para pastar, porém, é da maioria da manada. Os ancestrais selvagens da maioria dos cavalos modernos foram provavelmente pôneis de 1,22 m de altura. As grandes raças de tração, porém, parecem descender de uma subespécie maior que viveu nas florestas européias.
Quando os jovens machos atingem a idade de reprodução e começam a tentar desafiar o garanhão ou cruzar com suas éguas, são expulsos da manada para formar manadas de solteiros com outros jovens garanhões. Geralmente, o garanhão só consegue formar seu próprio harém com 7 ou 8 anos de idade. A única subespécie hoje remanescente de cavalos autenticamente selvagens é o cavalo de Przewalski (Equus caballus przewalskii), encontrado na Mongólia, onde é conhecido como taki; sua população mundial, incluindo espécimes em cativeiro, é de cerca de 1.100 exemplares.
Outra subespécie selvagem, o tarpan da Europa Oriental (Equus caballus gmelini) extinguiu-se em 1880; um substituto foi recriado posteriormente por meio do cruzamento de cavalos com características semelhantes, para ser libertado em florestas da Polônia, onde é conhecido como konik. Todos os outros cavalos “selvagens”, como os mustangs dos EUA, os brumbies da Austrália e os crioulos dos Pampas são descendentes de animais domésticos que escaparam a seus donos para viver em liberdade.
Há hoje cerca de 60 milhões de cavalos domesticados em todo o mundo. Puros-sangues são treinados a partir dos 18 meses de idade, mas outras raças normalmente começam a ser treinadas e montadas a partir dos dois anos e meio ou três anos e meio. Treinar um cavalo para receber arreios e ser montado leva normalmente 30 dias, mas treinamento avançado, inclusive para a guerra, pode demandar anos e não deve começar antes dos 5 anos de idade.
Normalmente, um cavalo deve receber uma hora de cuidados por dia, sendo limpo e escovado e depois exercitado por 15 a 30 minutos antes de ser selado e arreado. Um cavalo consome, em média, o equivalente a 2% do seu peso em matéria seca (feno, pasto e/ou cereais) por dia, além de 8% a 10% do seu peso em água, que não pode ter alto conteúdo salino (cavalos são menos tolerantes à salinidade da água que os humanos). Um cavalo que trabalhe a metade do dia ou menos necessita de 0,33% do seu peso em grãos e um que trabalhe o dia todo necessita 1% do peso em grãos. Se o cavalo não trabalha, 0,4 a 1,6 hectares de pasto, dependendo da qualidade, podem bastar. Na falta de pasto, o cavalo deve receber 1% do peso em feno ou palha. Cavalos precisam de uma hora para consumir sua ração, ou 6 a 8 horas para pastar. Cavalos alimentados com grãos têm mais força e resistência – pode-se somar meio grau à sua Força e Agilidade.
O casco do cavalo cresce continuamente e renova-se completamente em nove meses. Em estado selvagem, com pastos macios e terra natural sob as patas, existe um equilíbrio entre a velocidade a que o caso se gasta e a velocidade a que cresce. Cavalos domésticos, porém, precisam percorrer grandes distâncias em superfícies duras, tais como estradas e pistas de terra batida, muits vezes transportando ou puxando cargas pesadas. Isso submete o caso a um desgaste excessivo, não compensado naturalmente. A forma de evitar que o cavalo fique coxo é proteger o casco.
Antigos cavaleiros asiáticos protegiam os pés dos cavalos com sapatinhos de couro e plantas. Os romanos usavam um tipo de ferradura sem cravos, chamada solea, que consistia numa chapa de ferro presa à parte inferior do casco por braçadeiras e tiras de couro, como uma sandália. Por volta dos séculos VI e VII, cavaleiros europeus começaram a fixar ferraduras de metal com cravos. Por volta do ano 1000 (época das cruzadas) ferraduras de bronze fundido eram comuns na Europa. Nos séculos XIII e XIV, ferraduras de ferro começaram a ser usadas. O processo de aquecer a ferradura antes de ferrar o cavalo tornou-se comum no século XVI.
Como um casco ferrado está protegido e não se desgasta, o ferrador tem de apará-lo cada vez que as ferraduras são substituídas, a cada 30 ou 40 dias. A primeira ferração é geralmente efetuada pouco depois de o animal ter sido domado.
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História
O cavalo tal como o conhecemos hoje surgiu na América do Norte há cerca de um milhão de anos e de lá migrou para a América do Sul e para a Ásia, Europa e África, mas nas Américas extinguiu-se há cerca de dez mil anos, provavelmente devido à caça excessiva. Só retornou ao Novo Mundo com a conquista espanhola. Acredita-se que o cavalo foi domesticado pela primeira vez a partir de 6.000 a.C., provavelmente por povos indo-europeus da atual Ucrânia. Inicialmente foi usado como fonte de carne e leite e depois para puxar bigas – carros leves (cerca de 34 kg) de batalha puxados por dois cavalos e conduzidos por um auriga, que serviam de plataforma móvel para um arqueiro –, que por volta de 2.000 a.C., estavam bem estabelecidos como a mais poderosa arma de guerra do Egito, Mesopotâmia e vale do Indo. Como alimentar uma parelha de cavalos exigia a produção de 4 hectares de cevada, a posse de uma biga foi, desde o início, um privilégio da nobreza.
No início da Idade do Ferro (cerca de 1.000 a.C.), o cruzamento seletivo criou raças maiores e mais fortes, capazes de transportar o peso de um guerreiro. Inicialmente, tais cavalos foram usados aos pares: um arqueiro disparava de um dos cavalos, enquanto outro conduzia ambos. Na Antiguidade Ocidental grega e romana, os cavalos flanqueavam os exércitos e tiveram um papel secundário como montaria de batedores e comandantes, em escaramuças ou para fustigar a infantaria, mas os hunos, germanos, mongóis e árabes fizeram da cavalaria ligeira sua principal arma de guerra.
Os persas foram os primeiros a usar cavalaria pesada (catafractos, cavaleiros com armaduras), sendo imitados mais tarde pelos bizantinos e pelos cavaleiros medievais, que para isso empregaram raças de grandes cavalos hoje usadas apenas para tração.
Após a invenção da pólvora, as armaduras tornaram-se obsoletas e a distinção entre cavalaria ligeira e cavalaria pesada passou a referir-se à forma de uso: a cavalaria ligeira (hussardos ou lanceiros) para reconhecimento e flanqueamento; a cavalaria pesada (couraceiros e dragões) como força de choque em cargas frontais. O uso militar do cavalo entrou em declínio a partir da I Guerra Mundial; foi abandonado pelos EUA em 1940 e pela URSS e China nos anos 50. O uso do cavalo nos transportes e na agricultura também tem-se reduzido desde o final do século XIX, mas ainda é importante em regiões isoladas.
A carne de cavalo também é consumida em partes da Europa, notadamente Islândia e seus ossos e cartilagens usados para a fabricação de cola. Antitoxinas para o tétano e soros antiofídicos são geralmente produzidos do sangue de cavalos inoculados. Crinas de cavalo são usadas em enchimento de móveis e arcos de violino. Esterco de cavalo é usado como adubo e no cultivo de cogumelos e, no passado, foi também usado como combustível (notadamente pelos citas). O leite de égua foi consumido por citas, mongóis e árabes.
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Andamentos
Na maioria das raças eqüinas os andamentos naturais são o passo, trote e galope. O passo tem uma velocidade média de apenas 1 m/s (3,6 km/h) a 2 m/s (7,2 km/h), o trote de 2,5 m/s (9 km/h) a 3,5 m/s (13 km/h); o meio-galope de 4,5 m/s (16 km/h) a 5,5 m/s (20 km/h) e o galope controlado 6 m/s (22 km/h) a 7 m/s (25 km/h); acima disso, o cavalo está a pleno galope que, em cavalos quarto-de-milha, pode chegar a 68 km/h (19 m/s) nos primeiros 400 metros. Para distâncias médias (2.400 m), o recorde é 60 km/h (17 m/s). O recorde de salto (com cavaleiro) em altura é 2,47 m e de salto em distância, 8,40 m.
Um cavalo em uso normalmente leva arreios e sela. Selas de cavalos de corrida puro-sangue pesam menos de 5 kg, selas comuns, 13 kg e selas para cavalos quarto-de-milha e para provas de resistência até 20 kg (mas distribuem melhor o peso do cavaleiro). Cavaleiro e sela comuns normalmente equivalem a 20% do peso do cavalo, mas jóqueis de cavalos de corrida costumam ser muito leves (50 kg ou menos), de forma que a carga de seus cavalos é da ordem de 15% do peso ou menos. Em geral, um cavaleiro significa, para o cavalo, uma carga leve (um grau de carga). Um cavalo médio pode carregar 100 kg a 120 kg sobre o dorso (um grau de carga) ou puxar um veículo de 400 kg a 450 kg. Um grande cavalo de tração pode fazer o dobro desse esforço.
Um cavalo provavelmente correrá os primeiros 100 metros a pleno galope, trotará 1.000 metros e andará a passo 100 km em um dia, possivelmente passando ocasionalmente a meio-galope se não estiver demasiado cansado. Cavalos treinados podem fazer 200 km em oito horas de um dia, a uma velocidade média de 7 m/s (25 km/h), mas necessitarão depois de 24 horas ou mais de descanso (cavalos árabes são os mais resistentes para essa finalidade). Sistemas de correio que permitem a um cavaleiro trocar de cavalo a cada 30 km podem permitir cobrir mais de 300 km por dia.
A partir de mutações aparentemente sofridas pelos cavalos berberes do norte da Africa, surgiu no lugar do trote a andadura, controlada por um gene recessivo, no qual os pés laterais deslocam-se em sincronismo perfeito. Esta movimentação peculiar é conhecida como paso em espanhol e como marcha no Brasil. É mais macio para o cavaleiro que o trote, mas exige mais esforço do cavalo e o esgota mais rapidamente. Foi relativamente comum na Idade Média e até o século XVII, quando montar a cavalo era o principal meio de transporte da nobreza, mas ao longo dos séculos XVIII e XIX, quando os ricos passaram a se deslocar principalmente em carruagens e diligências, a resistência e o poder de tração tornaram-se prioritários e a andadura passou a ser considerada indesejável. Conservou-se em umas poucas raças de regiões tradicionalistas e isoladas, como o pônei islandês, o cavalo de passo peruano e o mangalarga marchador de Minas Gerais.
Raças
Há cerca de 200 raças de cavalos, às vezes classificadas como fogosos ou de “sangue quente” (hotblood), “sangue morno” (warmblood) e “sangue frio” (coldblood). Os cavalos de sangue quente são os cavalos árabes e berberes, que surgiram no século VII e são famosos por seu temperamento fogoso; e os puros-sangues de corrida, que deles descendem: são raças difíceis de controlar e facilmente excitadas. Os de “sangue frio” são os cavalos de tração ou tiro, calmos e relativamente lentos. Os de “sangue morno” são os demais, mas principalmente as raças européias usadas em espetáculos eqüestres, versáteis e de temperamento equilibrado.
Uma classificação mais consistente agrupa as raças em dolicomorfas ou longilíneas (de membros altos, adequadas à corrida), mesomorfas ou mediolíneas (mais robustas, com uma ação rápida e poderosa que os faz bons cavalos de sela, adequados a trabalhos agrícolas leves) e braquimorfas ou brevilíneas (maciças, compactas, com linhas curtas e fortes, adequadas para tração pesada e trabalho agrícola), mais categorias intermediárias.
Cavalos não árabes com até 1,44 m de altura na cernelha, incluindo os cavalos tradicionais da Ásia Oriental, são geralmente classificados como pôneis (e aqueles com até 0,96 m como miniaturas). Entretanto, alguns preferem classificar como pôneis apenas os que possuem as proporções típicas dos pôneis Shetland (robustos, de pernas curtas) e como miniaturas os cavalos pequenos com proporções normais.
As raças distinguem-se também por sua adequação às diversas funções que um cavalo pode ter:
Corrida (a galope ou de obstáculos): cavalos dolicomorfos velozes e de fôlego, equilibrados, mas nervosos (“sangue quente”), de pescoço longo e musculoso e tórax largo.
Corrida a trote montado: cavalos como os anteriores, mas de pescoço mais proporcionado e musculoso e membros mais sólidos e menos longos.
Corrida com atrelado: cavalos como os anteriores, mas particularmente resistentes e rápidos no trote, que puxam carros extremamente leves (12 kg a 25 kg) com um só jóquei.
Hipismo: cavalos ágeis, com boa capacidade de salto, algo menos fogosos (“sangue morno”), mais inteligentes, equilibrados, de pescoço longo e bem musculoso e tórax largo. Aptos também para caça e pólo.
Alta escola e Circo: como os anteriores, mas particularmente elegantes, inteligentes e versáteis, como os lipizzaner da Escola Espanhola de Viena.
Pastoreio e Rodeio: cavalos velozes e vivos, ágeis e de reflexos rápidos, usados para reunir o gado.
Turismo: cavalos resistentes, calmos e estáveis com membros sólidos e musculosos.
Sela: como os anteriores, mas com menor grau de exigência.
Tiro ligeiro (carros leves de duas rodas): cavalos elegantes, velozes e resistentes, de temperamento calmo mas vivo, bem aprumados.
Atrelagem (carruagens médias, de quatro rodas): como os anteriores, mas mais possantes e resistentes.
Tiro pesado rápido (diligências): cavalos velozes e resistentes, de temperamento calmo, mas enérgico e vivo, de pescoço curto e musculoso, membros curtos e sólidos, dorso curto, garupa larga e espádua angulosa longa e possante.
Tiro pesado lento (carroças e carroções) e agricultura (arado): cavalos particularmente resistentes, voluntariosos, de pescoço curto e musculoso, membros curtos e sólidos, dorso curto e espádua reta e possante. No passado foram também usados por cavaleiros medievais de armadura, além de usarem suas próprias armaduras.
Carga: forte, resistente, dócil e calmo.
Folclore e mitos
Em muitas culturas agrícolas, ter e andar a cavalo foi (e muitas vezes ainda é) sinônimo de elevação social, pois sustentar um cavalo (e mais ainda um carro de guerra, os apetrechos de um cavaleiro medieval ou os cuidados especiais devidos a um cavalo de corrida puro-sangue) esteve acima das posses do povo comum.
Os cavalos têm um amplo papel no folclore e nos mitos de muitos povos, com papéis importantes e variados. Freqüentemente é um símbolo do ciclo vital, das forças primitivas, da impetuosidade dos desejos e dos instintos, de velocidade, fogo e luz, mas às vezes é também um símbolo de morte, de noite e das profundezas. Desse caráter mágico do cavalo deriva-se a crença de que a ferradura traz boa sorte.
Os gregos os associavam a Poseidon, que os fez surgir das ondas do mar, sulcando-as com seu tridente. Sacrificavam cavalos a Poseidon Hippios e, na ilha de Rodes, costumava-se sacrificar uma quadriga com quatro cavalos ao deus Hélios uma vez por ano, lançando-a no mar. Os reis de Judá também consagravam cavalos e carros ao Sol. Já os romanos os consagravam a Marte e o consideravam presságio de guerra.
Na Índia, o sacrifício do cavalo foi um dos mais importantes ritos de fecundidade, celebrado exclusivamente por rajás, até ser abolido por volta do século III a.C., devido à influência budista. O cavalo a ser sacrificado era solto por um ano, seguido por uma escolta de guerreiros e arautos e durante esse período eram feitos sacrifícios diários ao deus solar Savitr. O cavalo poderia eventualmente ultrapassar as fronteiras do reino e teria então de ser protegido: se acaso fosse capturado ou morto, o rajá se tornaria objeto de ridículo. Chegado o dia do sacrifício, durante a primavera, o cavalo era ungido pelas esposas do rajá; a rani (esposa principal do rajá) deitava-se com o cavalo morto e um pano os cobria. O oficiante declarava-os simbolicamente casados e a rani acrescentava “que o vigoroso macho, o semeador, semeie!”.
Na China, o cavalo é a sétima criatura do zodíaco. Para os chineses, os cavalos mais fortes eram normalmente os pôneis mongóis; os tibetanos (nanfan) eram menores, mas resistentes e confiáveis. Às vezes, também se importavam cavalos árabes. No I Ching, o cavalo representa o sexo feminino, enquanto o dragão simboliza o masculino, mas na mitologia o cavalo geralmente representa o princípio masculino (yang), enquanto o feminino (yin) é representado pela vaca.
Na Alemanha e na Inglaterra, sonhar com um cavalo branco era presságio de morte e a égua (mare) está associada aos pesadelos (nigthmares).
No Brasil, existe a lenda do “cavalo de três pés”, um cavalo sem cabeça, com asas e ao qual falta uma das patas dianteiras, que assombra estradas desertas e imprime no barro três pegadas fundas, nas quais quem pisar será profundamente infeliz. Há também o “cavalo do rio”, no São Francisco, que persegue embarcações, vira-as e alaga a carga.