quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Doma Racional

MEDO OU CONFIANÇA ?
MAUS TRATOS OU RECOMPENSA ?
AGRESSIVIDADE OU LEVEZA ?
ARREDIO OU DÓCIL ?

O intuito desta sessão é mostrar-lhes o caminho para uma doma sem trauma para seu potro ou seu cavalo selvagem, lembrando-se que todos os trabalhos devem ser iniciados aos 2 anos e os trabalhos montados aos 3 anos , tudo para que seus tendões e articulações não sofram algum dano.
Lembre-se que uma boa doma significará uma boa infância ao seu equino!!!!!!

AÇÕES BÁSICAS DA DOMA RACIONAL
Apresentaremos a seguir as normas que norteiam os trabalhos para uma correta doma:
- Dominar o cavalo conquistando-lhe a confiança e não pelo medo;
- Transmitir os comandos sempre com clareza , não permitindo que o animal realize coisas diferentes das que foram solicitadas.Antecipar-se nos comandos;
- Utilizar os auxílios: voz, pernas, rédeas, deslocamento do corpo e gestos;
- Demonstrar ao cavalo, através do afago (carinho), quando ele responder positivamente ao comando;
- Encarar cada animal com sua individualidade, procurando "ler" cada cavalo e interpretar seu comportamento;
- Castigar o animal, quando necessário, de imediato. De nada adianta castigar após o fato ter passado; e
_ Ter paciência e repetir os comandos, sempre que necessário, são comportamentos indispensáveis ao domadores.

PROIBIÇÕES NA DOMA RACIONAL

A doma racional é um processo de domesticação, em que se busca desenvolver o entendimento e a cooperação entre cavalo e domador, baseada sempre na confiança e no respeito mútuo.
São proibidos:
• Alguns procedimentos comuns da doma tradicional, e que mais se assemelham a uma luta da qual deverá sair um vencedor e um vencido, tais como lançar o cavalo para pegá-lo, palanqueá-lo e "quebrá-lo do queixo", são proibidos na doma racional;
• O uso do laço para pegar o cavalo pela primeira vez, quando o potro for trazido do campo e colocado em uma mangueira, laçado pelo pescoço, enforcado e asfixiado ao ponto de cair no solo, até que se deixe embuçalar, é uma luta desigual, na qual o potro sempre será o vencido, podendo ficar marcado para o resto da vida, já que é dotado de excelente memória;
• O palanqueamento é outra prática que só serve para amedrontar cada vez mais o potro e, pela brutalidade, causar-lhe as mais variadas lesões, principalmente as de cabeça e pescoço; e
• A "quebra de queixo", feita com o potro derrubado no chão e completamente maneado, lesionando-lhe as barras e criando nas mesmas, posteriormente, um tecido cicatricial de menor sensibilidade, não encontra uma justificativa aceitável e que possa servir de aprendizado para ser incorporado às atividades do mesmo.

A divisão em duas fases facilitará o entendimento da evolução dos trabalhos ( Doma à pé / Doma montada)

DOMA À PÉ

CARÍCIAS E CASTIGOS
Os eqüinos são sensíveis e aceitam tanto as carícias e afagos como o castigo ou correções. Sempre que o potro responder positivamente a um estímulo, deve ser acariciado (sob a forma de pequenas batidas coma palma da mão na tábua do pescoço), estimulando-o e incentivando-o a responder sempre assim, quando solicitado. Por outro lado, quando o animal agir errado ou, principalmente, quando rebelar-se, deve ser corrigido (sob a forma de "quebra de cabresto" ou apanhando). No entanto, deve-se atentar para que tanto as carícias como o castigo sejam executados tão pronto o animal realize a ação, sob pena de o mesmo não relacionar a sua ação com a resposta do domador.

EMBUÇALAR
Aparta-se o cavalo conduzindo-o para uma mangueira pequena, com cercas seguras, de preferência de listão.
O domador entra para a mangueira com calma, apenas falando, procurando fazer com que o potro atenda, como quem diz: "olha, eu estou aqui, tudo bem, vamos ser amigos". Tudo deve ser feiro sem pressa, com muita tranqüilidade.
A cada passo que o cavalo der, se afastando do homem, o homem também deverá dar um passo em sentido contrário, isto é, recuando. Uma vez o cavalo parado, inicia-se tudo de novo.
Passa-se a tocar no corpo do cavalo, iniciando pelo pescoço, crineira e cruzes, tocando de leve, como a acariciá-lo.
Quando se consegue uma maior aproximação, passa-se a ponta dos dedos e a palma da mão pelo lado da cara, orelhas e crinas, até o mesmo permitir que lhe seja colocado o buçal.

SENSIBILIZAÇÃO DA NUCA
Puxando-o pelo buçal para um lado e para outro, com puxadas secas e firmes, de curta duração.
Quando o animal ensaiar o primeiro passo, deve-se acariciá-lo e animá-lo, no sentido de quem diz "muito bem, é isso que eu quero, vamos em frente".
É importante que se tenha presente que o cavalo deve ser dominado pela paciência, persistência e repetição;

SENSIBILIZAÇÃO DO FOCINHO
Uma vez que o cavalo esteja cabresteando, procede-se a sensibilização do focinho, para que o mesmo fique domado (leve) de cabeça. Para tal, pega-se pelo cabo (cedeira) do buçal e joga-se a cabeça do animal para um lado e para o outro, algumas vezes, em movimentos limitados pelo curso do braço, até que o domador sinta que o cavalo ficou leve de cabeça.

TRABALHO NA GUIA NO REDONDEL
Consiste em fazê-lo andar em círculos, para ambos os lados, nas suas andaduras normais (passo, trote e galope), seguro por uma guia comprida (de 5 a 6 metros), atendendo ao comando do domador.
O trabalho na guia serve para aquecer ou refrescar o cavalo, bem como para fazê-lo flexionar o corpo para andar em curva.
Trabalhos diários de 40 min (20 min de cada lado) são recomendados para o desbaste do cavalo (reduzir a energia acumulada pela estabulação) e ajudará no estado geral do mesmo.

QUEBRA DE CABRESTO
O domador se coloca em frente do cavalo, segurando o cabresto com alguma folga e desferindo-lhe golpes laterais com mesmo no sentido do buçal, sem ,no entanto, bater na cara do animal. Sempre que o eqüino reagir negativamente a alguma coisa, a quebra de cabresto é maneira de repreendê-lo. No momento em que o animal começa a recuar não há mais a necessidade de golpear o cabresto ,apenas o comando de voz, com o gesto de levantar o cabresto a sua frente, são suficientes para fazê-lo recuar.

BANHO DE ENCILHAGEM
Para isso ,inicia-se com o chergão ou baixeiro, que deve ser levado em direção ao pescoço do cavalo, deixando-o ver, reconhecer e cheirar o mesmo ,tocando próximo as cruzes e, a seguir ,no lombo e no resto do corpo. Coloca-se a cincha, que deve ser encostada na barriga, sem necessidade de aperto; faz-se ,então ,o animal caminhar saindo, inicialmente, a passo ,dando tempo para que ele sinta que está com a cincha para, depois, passar ao trote e galope. Modifica-se a posição da cincha correndo-a parta frente e para trás (inclusive na virilha) , sempre mais aceleradas. Sempre fazendo o animal sair a passo para depois passar a andaduras mais aceleradas. Sempre que o animal reagir se fará a "quebra do cabresto" ,até que pare e aceite as encilhas.
Outros materiais, tais como saco plástico ou papel ,que fazem barulho, devem ser passados por todo o corpo do cavalo.

A EMBOCADURA
O "freio-bridão" se mostra muito eficiente. É de se destacar que a espessura do bocal deve ser de 12 mm. A partir do 2º dia, estando o potro já contido, passa-se a colocar-lhe a embocadura, sendo que, pela primeira vez, sem rédeas e sem nenhuma atividade, simplesmente para o cavalo ficar mascando e ir se habituando à mesma. Nas etapas subseqüentes se fará, então, o uso das rédeas .
Pode utilizar os mais variados recursos para que a colocação da embocadura no cavalo seja menos traumática, como por exemplo passar água com açúcar, mel ou algo parecido para que o animal fique mascando o freio.

BANHO DE CORDA
O intuito é que o cavalo perca todo tipo de cósegas , relacionada principalmente ao material de manejo e contenção. Sua ampla utilização concorrerá para a docilidade do animal.
Inicialmente recomenda-se que use cordas longas para que o domador não se machuque com eventuais reações do animal.
O primeiro passo é esfregar a corda por todo o corpo do cavalo , depois passar em todos os membros , tracionado pouco a pouco com o cuidado de não aparecer reações e não haver possibilidade de assar ou ferir o animal. Lembre-se que deve respeitar a progressividade das ações.

DOMA MONTADA

MONTADO PELA PRIMEIRA VEZ EM MOVIMENTO
Quando se estiver com o cavalo sob comando, fazendo o trabalho na guia, recuando, com boa sensibilização de cabeça, aceitando as encilhas e o banho de gente sem resistência, etc, pode-se montar e andar. Para isso, existem diversas alternativas:
Para animais completamente controlados, mansos e tranqüilos, que se acredita que não vão tentar nenhuma rebeldia, e que, simplesmente, deixam-se andar, monta-se, inicialmente, com o auxílio das rédeas ou cabresto, provocando o deslocamento lateral;
Para animais ligeiros, utiliza-se um auxiliar que, segurando-o pelo buçal, cabresteia-o a passo, trote e galope. Os animais que trabalham bem na guia poderão ser exercitados na mesma com o domador montando e, a partir daí, fazê-lo andar soltos;
Para animais mais violentos, que não estão completamente contidos ou aqueles que não aceitaram o "banho de gente", cabresteia-se primeiro com um auxiliar a cavalo, fazendo com que ande ao lado deste. Monta-se e o amadrinhador o conduz, controlando para não deixá-lo corcovear, tirando-o a tranco, a trote e a galope e, uma vez desenvolvido, poderá ser solto, controlando-o de perto.

TRABALHO EM CÍRCULO
Na medida em que o cavalo aprende a andar, carregando o domador, se começa o trabalho de direção, andando em círculos, bem abertos e fechando-os, gradativamente.
Não deve-se buscar ainda um forte contato com a boca do cavalo, cuidando para que as rédeas estejam bem frouxas, tendo a preocupação apenas de indicar a direção.
O ideal seria utilizar-se de um cavalo mais velho como guia e regulador de cadência. O trabalho em escolinhas é o mais recomendado , colocando os cavalos mais experientes intercalados com os mais novos.

BANHO DE GENTE
Consiste em manter o cavalo parado e ter acesso a todo o corpo do mesmo, montando (inicialmente de barriga) e desmontando pelos dois lados, passando por baixo, pelas mãos, pelas patas, simulando quedas junto ao mesmo, etc...
Para isso, solicita-se que um auxiliar dique na frente do cavalo para controlá-lo, se necessário.

A ÁGUA COMO INSTRUMENTO DE DOMA
O banho serve para a limpeza do corpo do animal, para refrescá-lo e para o relaxamento muscular e tranqüilização, além de servir como elemento de doma, retirando as cócegas do animal ao bater-lhe a água e escorrer-lhe pela pele.
O banho, para animais aquecidos (trabalhados), deve ser realizado iniciando-se a molhar pelos cascos, patas, membros, parte inferior do ventre e terço inferior do costado, para, por último, molhar a parte superior do corpo (lombo, cruzes, garupa).
Cuidado ao jogar água na cabeça do cavalo , iniciando com uma esponja úmida para que o animal não pegue um trauma .